sexta-feira, 9 de março de 2012

Cybercop

CybercopCom a febre dos heróis japoneses no Brasil liderada por Jaspion e Changeman, o Sr. Nelson Sato, proprietário da distribuidora Sato Co. (antiga Brazil Home Vídeo, e que lançou no mercado de VHS alguns clássicos como o longa-metragem de Macross e Capitão Harlock), resolveu entrar no ramo dos enlatados e foi ao Japão buscar alguma coisa que pudesse render uma grana. Ao chegar lá, tomou conhecimento que a Toho (estúdio responsável pelos filmes do Godzilla) estava produzindo um tokusatsu chamado Cybercop. Mesmo em fase de pré-produção, o design agradou o brasileiro, que comprou a série da Toho, mesmo antes dela estar pronta. E na bagagem ele ainda trouxe as armaduras originais usadas na série (e que há um tempo atrás foram colocadas à venda em um site de leilão pelo próprio Nelson Sato)!
Foi então que em 12 de outubro de 1990, Cybercop: Os Policiais do Futuro estrearam no Brasil via Rede Manchete, depois de quase ter ido parar no SBT (o contrato desandou porque o Tio Silvio queria pagar somente 10% do que a distribuidora pedia pela série!). Apesar de não ter feito um sucesso como seus “irmãos” Jaspion e Jiraiya, a série acabou gerando vários produtos de merchandising – como álbuns de figurinhas e quadrinhos lançados pela Editora Abril. Curiosamente, a série não teve seus episódios finais exibidos por um simples motivo: a Sato e a Manchete, não querendo “queimar” o produto de uma vez, lançou um esquema que consistia em exibir os episódios do 1 ao 10, 1 ao 11, 1 ao 12 e assim por diante. Com isso, o contrato de exibição venceu antes dos últimos episódios irem ao ar pela emissora.
Cybercop
Outro fato interessante é que a história acaba no capítulo 34, sendo que os dois posteriores, foram especiais com os atores dando depoimentos e lendo cartas de fãs. A Sato anunciou oficialmente que não os adquiriu por não ser interessante exibí-los na tv (cá entre nós, não são mesmo) e ao mesmo tempo pagaria mais barato, pois o preço de cada episódio era bem carinho. A dublagem feita nos estúdios da BKS contou com um elenco de vozes legal, mas uma edição de áudio inferior ao que a Álamo fazia na mesma época com a tonelada de seriados que dublava. Além da Manchete, a série foi exibida na CNT na Sessão Super Heróis (ao lado de Ultraman e do Super Human Samurai) e no bizarrinho Cine House – canal pago exclusivo da TecSat, que exibia a série de forma inconstante.
A história
O esquadrão especial ZAC (sigla para Zero Section Armed Constable) cria o Cybercop, um grupo de policiais com armaduras tecnológicas que tem como missão combater os criminosos. O ZAC é formado pelo severo Capitão Oda, sua assistente (apaixonada por ele) Shimazu, a burrinha Miho (que cuida da comunicação) e o mestre em informática Yazawa (que ficava listando diretório no MS-DOS o dia todo, fingindo estar trabalhando XD).
O time principal do esquadrão é formado pela jovem Tomoko e os policiais Akira, Takeda, Ryoiti e Osamu. Cada um dos quatro rapazes veste uma armadura (Unidade Cyber) com nome de um planeta e cores diferentes. Akira é Marte, líder da equipe e rival de Takeda. Takeda é o heróico Júpiter, que veio do futuro sem memória e foi encontrado junto de sua armadura pela Interpol. O mulherengo Ryoiti é Saturno e por fim, o sério Osamu é Mercúrio. Tomoko deveria vestir uma Unidade Cyber chamada de Vênus, mas por problemas de custo, tal armadura nunca foi produzida (acharam que é só polícia daqui que sofre por falta de verba?).
Os Cybercop passam a combater a organização criminosa Destrap (Death Trap no original). O grupo é liderado pelo supercomputador Fuhrer e é formado pelo misterioso Barão Kageyama, Madame Durwin, Dr. Einstein e Prof. Ployd. Na metade da série, o Dr. Einstein morre (com um pedregulhão de isopor na cabeça XD), surgindo Luna que quer ao todo custo destruir os Cybercop e vingar a morte do irmão. Mas, durante um de seus planos, a bela acaba se apaixonando por Marte e começa se desviar de sua intenção inicial.
Não podemos nos esquecer do ‘quinto’ Cybercop: Lúcifer! Calma que não é o capeta XD. Vindo do mesmo futuro de Júpiter, o rapaz surge na série como inimigo, mas pela abertura já dava pra notar que ele iria ficar bonzinho… Só que ele é desgarrado do time e todo marrentão como um Ikki da vida – o que faz dele o Cybercop mais legal de todos \o/.
Os prós e os contras
Geralmente todas as produções japonesas da época eram filmadas em películas mas, para baratear os custos de produção, a Toho resolveu inovar e filmar a série em vídeo, o que acabou prejudicando-a seriamente. Com isso, os efeitos especiais acabaram parecendo “defeitos especiais” e passaram a impressão de um trabalho feito “nas coxas”. Ironicamente, hoje a Toei utiliza a mesma técnica de filmagem em seus Kamen Riders e Super-Sentais. Além do “problema” com a filmagem em vídeo, o telespectador vê nitidamente que as armaduras são de fibra de vidro, já que a película de filme, que ajuda a esconder esse detalhe, não está presente.
O visual dos personagens também não é dos melhores, e se encaixariam melhor em um anime onde é possível “viajar” mais. É só dar uma olhada na parte do peitoral do Saturno ou do capacete de Marte para se ter uma idéia. Pra não dizer que todos são feios, o visual de Lúcifer e Mercúrio foram bem bolados, num momento de inspiração divina do designer :P.
Uma lenda diz que Cybercop seria uma produção baseada nos Super Sentais, inclusive tendo filmagem similar e toda aquela narrativa repetitiva de roteiro. Um episódio piloto da série demonstra que realmente a Toho talvez planejasse fazer algo nesse esquema. Só que a verba para o projeto deve ter sido curta e tudo acabou ficando do jeito que foi. De certa forma isso até que foi melhor, pois os roteiros da série estão entre os mais bacanas já feitos pra um seriado tokusatsu.
Apesar de toscos, os (d)efeitos especiais são constantes (talvez a série do período que mais os utiliza-se de efeitos tenha sido Cybercop) e pode-se notar que a equipe fez bastante esforço para compensar a pobreza dos mesmos criando cenas inimagináveis na época, como a que Júpiter dirige uma moto nos túneis de armamentos do ZAC, enquanto dá giros em 360 graus para desviar dos tiros do inimigo. Por falar em inimigos, aqui temos mais economia: o “monstro do dia” era quase sempre o mesmo! Só mudava de nome e poderes. Eis mais uma evidência da falta de verba por parte da Toho.
Apesar dos deslizes, Cybercop pode ser considerado um dos tokusatsus mais inteligentes e humanos já criados no Japão. Se os efeitos e as armaduras decepcionam, os roteiros são um show, colocando os personagens em histórias diferentes das convencionais (como a da casa mal assombrada) e mostrando que apesar de heróis, eles também têm medos e defeitos como nós. São raras as séries com personagens que possuem personalidades tão definidas, isso desde os personagens principais até o “elenco de apoio”.
Outro destaque que vale ressaltar é a excelente atuação da atriz e cantora Mika Chiba como Tomoko, sem dúvida uma das personagens femininas de tokusatsu mais carismáticas de todos os tempos. Além de atuar na pele da assistente dos Cybercop, ela empresta sua voz à música de encerramento da série, Shooting Star, também inesquecível. Falando nisso, os ótimos temas de abertura e encerramento da série ganharam versões brasileira que chegaram a sair num CD (!!!) bizarro. Se você nunca ouviu, considere-se um sortudo…
Claro que não podemos deixar de citar a hilariante cena que ocorria quando um monstro (que em Cybercop não eram exatamente monstros e sim robôs que podiam lutar de igual pra igual com os heróis) era destruído: o vilão que o havia mandado enverga pra trás e diz um sonoro “arghhhhhh” como se fosse ele o atingido. É de chorar de rir! E alguém conseguia levar a sério aquela caixa de sapato com dois canos que tentava neutralizar a Cyber-Força do Júpiter?
O final
Não temos o objetivo de fazer resumos de histórias em nossas matérias para não estragar a graça, mas como Cybercops não teve seu final exibido nos damos o direito de descrever o que acontece no mesmo. É hora de você matar a curiosidade! Se não quiser saber pare de ler aqui mesmo!
O Barão Kageyama perde a paciência com tantos fracassos por parte de seus subordinados e se revela o verdadeiro líder da Destrap. Sendo assim, ele absorve toda a energia de Fuhrer – que era uma criação sua. Luna, que havia surgido para derrotar os heróis, trai a Destrap por causa de seu amor por Marte e é atingida por Kageyama morrendo nos braços de seu amado. Mas o Barão acaba sendo vencido por Lúcifer e Júpiter que combinam suas forças em um ataque mortal. Com a explosão do Barão Kageyama, uma fenda temporal se abre e Júpiter e Lúcifer veem a chance de voltarem para o futuro. Tomoko finalmente revela seu amor por Júpiter e parte com eles para o portal, mas o Barão, que não havia morrido, levanta voo atrás deles para impedir que eles voltem pra casa. Ele é impedido por Marte, que salta e intercepta o vilão e os dois explodem.
Mais tarde os membros do ZAC se reúnem para lamentar a morte de Marte e a partida de seus amigos. Mas eis que de repente, Marte surge dos escombros e se junta aos amigos (mais forçado impossível). Claro que no meio de tudo isso tem muito isopor e papelão aparecendo descaradamente. Parece que a situação da Toho estava tão feia que não tinham nem grana pra filmar o último episódio, visto o quão mal feito ele é. Os quatro últimos episódios da série foram exibidos apenas para algumas cidades no Brasil e só recentemente – com uma ajuda involuntária de DVDs piratas – é que tais episódios puderam ser conferidos por uma grande maioria de fãs pelo país.
Agora, se você tem problemas cardíacos, prepare-se pra sofrer um infarto: quando adquiriu a série, a Toho passou pro Sr. Sato algumas fantasias, roupas e penduricalhos utilizados na série, a fim de ajudar na divulgação do seriado aqui no Brasil. Até aí nada de mais (o “Toshi” da Everest tinha um monte de roupas de seus seriados, até a da Patrine XD). Entretanto, o famoso diretor Jayme Monjardim (que na época, dirigia Pantanal na Manchete) sugeriu ao Sr. Sato que utilizasse esse material para (prepare o coração!) fazer novos episódios aqui no Brasil!! Por obra divina, ambos não chegaram a um consenso e tal projeto foi deixado de lado. Agora, imaginem vocês… Cybercop no Brasil a la Jyu Ranger nos EUA (Power Rangers caso não saibas). Se usassem o Rio de Janeiro como “cenário”, seguramente não ia passar do episódio 2. Hehehehe…
Checklist Episódios
01 – A chegada de Júpiter
02 – O desaparecimento da cidade do futuro
03 – O combate ao tanque cyborg
04 – Pânico na cidade! A ameaça do computador
05 – Um príncipe em apuros
06 – O rapto de Oda! O ZAC em apuros
07 – O avião de combate ataca a metrópole
08 – A usina de energia por um triz
09 – Segurança em risco: corra Blade Liner!
10 – Arrepios no hotel mal assombrado
11 – Ameaça na auto estrada: surge um tanque aéreo
12 – O menino e o dragão
13 – Satélite ameaça destruir Tóquio
14 – O segredo de Takeda
15 – Júpiter: a esperança do futuro
16 – Lúcifer: o emissário do demônio
17 – O desafio de Lúcifer
18 – Cristalo: a força dominadora
19 – A Revolta de Tomoko
20 – O Segredo dos Cybercops
21 – A Hora da Verdade
22 – Os falsos Cybercops
23 – O homem de Hong Kong
24 – O ataque dos mísseis subterrâneos
25 – A vingança de Luna
26 – A Fortaleza Inimiga
27 – Falha da Unidade Cyber
28 – O Dirigível Bomba
29 – Tomoko na Mira da Destrap
30 – A carga da Morte
31 – O Roubo do Cyber Thunder Arm
32 – Ataque ao alojamento dos Cybercops
33 – Proteção ao Trem Expresso
34 – Neo Tokyo em Perigo. A Vitória Final
35 – Request top 10 tokushuu – part 1
36 – Request top 10 tokushuu – part 2

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